Cerca de 50% de resíduos sólidos são gerados pela indústria de construção

Incorporadora pretende reduzir pelo menos 20% desses resíduos

Por muito tempo as incorporadoras estavam preocupadas apenas com o número de construções, lançamentos e vendas no mercado imobiliário, porém, com a disseminação de assuntos ambientais, cada vez mais as empresas são direcionadas a recriarem os formatos de construir, e é isso o que a incorporadora CAPPINI faz com seus projetos.

A indústria da construção é uma das mais importantes para o crescimento e desenvolvimento do país, segundo dados da pesquisa realizada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), ela é responsável por cerca de 2,47 milhões de empregos diretos e indiretos no Brasil.

Mesmo que as iniciativas ambientais sejam cada vez mais frequentes, o Conselho Internacional da Construção (CIB) aponta a indústria da construção como o setor de atividades humanas que mais consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva. Além dos efeitos de matéria e energia, ainda é gerado um alto número de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelo conjunto de atividades humanas sejam provenientes da construção.

Por isso este é um desafio para as incorporadoras, melhorar o meio ambiente pode levar anos, mas repensar o modo de construir é um assunto essencial. “É muito importante o que a CAPPINI está fazendo com as questões de sustentabilidade, devemos dar exemplo e inspirar novas incorporadoras a fazerem o mesmo, já que nos preocupamos em causar menos impacto e prezar o bem das gerações futuras”, comenta o gerente de sustentabilidade da incorporadora CAPPINI, Marcos Reis.

De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil publicado pela a ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, em 2014, a construção civil é responsável por gerar cerca de 122.262 toneladas de resíduos por dia. É esse o cenário que os fundadores da incorporadora CAPPINI Negócios inteligentes pretendem mudar através de processos de construção civil sustentável em todo o ciclo do empreendimento.

Entre os principais objetivos de levar a sustentabilidade para a indústria da construção é respeitar os recursos naturais e, principalmente, o ser humano e suas futuras gerações. “Nossa missão é desenvolver cidades inteligentes e conectadas, mas sem deixar a sustentabilidade de lado. Temos um compromisso de reduzir em cerca de 20% os resíduos sólidos na construção. Além disso, estamos avaliando a implantação de recursos sustentáveis que possam reduzir os gastos condominiais ao longo da vida útil do empreendimento”, afirma o CEO da CAPPINI incorporações e Negócios Inteligentes, Raphael Grigoletto.

Sobre o projeto

O projeto da CAPPINI é mais que um apartamento, a incorporadora propõe um novo conceito de imóvel. Um modelo que já é muito comercializado em São Paulo, o imóvel compacto de alto padrão, proporcionando a compra de unidades exclusivas, com acabamentos diferenciados e a praticidade de unir qualidade a pequenos espaços, deixando o dia a dia do morador muito mais dinâmico.

A intenção da empresa é oferecer à cidade de Uberlândia o primeiro empreendimento com conceitos de sustentabilidade, personalização, conectividade e exclusividade, aliados a tecnologias que tornarão o empreendimento referência na cidade, como ser o primeiro prédio vertical a utilizar energia solar para as áreas comuns.

Fonte: Jornal da Construção Civil

Bioarquitetura: a sustentabilidade na construção civil

Os impactos ambientais causados por grandes empreendimentos têm trazido inúmeras consequências para a sociedade e para o meio ambiente. Aglomerados de edifícios, degradação da vegetação local, poluição dos rios que cortam as cidades entre outros são problemas existentes nos centros urbanos. Isso demonstra o quanto a necessidade do homem não está de acordo com a do meio ambiente. É claro que não há como construir sem causar danos ambientais, mas há formas de executar projetos de maneira menos danosa ou sustentável. É o que mostrou o arquiteto e sócio do escritório de arquitetura Baixo Impacto e da empresa Adoberia, Márcio Holanda, em uma palestra nesta terça-feira, 20, na Universidade de Fortaleza (Unifor).

O cearense explicou aos futuros arquitetos a lógica da bioarquitetura, tendência mundial. Segundo ele, a proposta é relacionar as construções com os ciclos ambientais. E isso é possível? Márcio mostrou que sim. Na palestra, apresentou empreendimentos em que utilizou materiais sustentáveis, como o tijolo de terra crua (Adobe), e técnicas antigas de construção que trouxeram ótimos resultados. São prédios institucionais, casas de alto padrão, casas populares em que dispõem do mesmo conforto de construções com materiais tradicionais.

”A proposta é mesclar a autoconstrução e as construções tecnológicas. Qualquer padrão é possível com a bioarquitetura”, disse na palestra. E seus projetos são provas disso. Márcio demonstrou casas luxuosas encomendadas por seus clientes em Florianópolis, onde reside, e casas populares, construídas na ilha de São Tomé, na África. Apesar do estilo diferenciado, as duas possuem algo em comum: o adobe. O nome não é muito conhecido, mas trata-se de um tijolo de terra crua moldado em fôrmas de madeiras. A extração desse material é simples já que está disponível na superfície terrestre.

Os benefícios do adobe são diversos. O material regula a temperatura interior, absorve poluentes, é de baixo custo e a sua preparação e transporte consomem cerca de 3% da energia necessária para produzir e construir com o concreto armado ou tijolo cozido. Além disso, também há medidas simples como a implantação de jardins nos telhados de casas, que otimizam a temperatura do local. Márcio explicou ainda que a bioarquitetura se adequa à necessidade e as condições do empreendimento, o que requer um novo olhar para cada projeto. ”A solução deve estar compatível com o problema. Vai de acordo com a necessidade. Saber onde ”aplicar” a técnica e como aplicá-la”, comentou.

Novas tecnologias

O desenvolvimento de novas tecnologias sustentáveis, como o adobe, vai depender muito das primeiras experiências dos profissionais inseridos nessa tendência. É preciso criar técnicas e tecnologias confiáveis que proporcionem conforto similar aos das tradicionais. Até o momento, são poucos exemplos de edificações de grande porte que vem adotando essa tecnologia, mas para Márcio é só uma questão de tempo.

”As ações têm que ser crescentes. No nosso caso, a gente direcionou para um mercado mais horizontal, residencial e institucional. A gente começou com pequenas ações porque tem que ganhar o público. A própria sociedade deve tecer essa demanda, pois não existe um produto sem a demanda”, disse Márcio ao O POVO Online. Além disso, ele comentou que a postura da sociedade vai exigir o surgimento de novas tecnologias ou empreendimentos de baixo impacto.

Durante a entrevista ao O POVO Online, exemplificou pequenas ações e tecnologias acessíveis que podem tornar um empreendimento sustentável e que atendem um dos três critérios da bioarquitetura: conforto e energia, saneamento e paisagismo e materiais saudáveis. ”Um dos tripés da bioarquitetura, o saneamento e paisagismo, é um dos mais simples que a gente pode fazer. Nesse aspecto, o saneamento trata-se de soluções individualizadas. Tratar o próprio esgoto de forma biológica e reutilizá-lo nos jardins do próprio edifício, por exemplo. Isso é plenamente viável e já tem tecnologia disponível”, ressaltou.

Custo x Benefício

A questão dos custos com a adoção de técnicas sustentáveis partem de uma lógica de benefícios a médio e a longo prazo. Além disso, variam de empreendimento para empreendimento e as funcionalidades que exercem. ”Existem elementos que vão aumentar ou diminuir os custos e que possuem valores similares. Então, não dá para dizer que a construção ecológica é mais barata ou mais cara, pois existem custos de implementação e custos de manutenção daquela obra. Então, se você gasta menos com a implementação e gasta muito mais com a manutenção, o que é mais econômico?”, questionou.

O cearense também frisou da importância de mudar a ideia de custos quando se trata de bioarquitetura. Segundo ele, a nova técnica trabalha com a sustentabilidade, o que exige outra linha de pensamento. ”Nada que é sustentável é rápido demais. A própria natureza mostra isso. Uma semente para virar uma árvore, que é um processo sustentável, tem um prazo para acontecer. Não é do dia para o outro que vamos ter uma árvore. Então, se a gente pensa em construção sustentável temos que mudar um pouco a mentalidade sobre custos”, ressaltou.

Universidade

Márcio Holanda, representante da empresa Adoberia e do escritório de arquitetura Baixo Impacto, foi convidado pelos cursos de arquitetura da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade de Fortaleza (Unifor) para mostrar a ideia da bioarquitetura e como aplicá-la na construção civil. A primeira palestra ocorreu nesta terça-feira, 20, no auditório A3 na Unifor nos turnos Manhã e Tarde. Na noite desta quarta-feira, 21, o arquiteto se apresenta no auditório do curso de Arquitetura e Urbanismo UFC às 18h.

Na palestra, o cearense apresentou os desafios que serão enfrentados pelos estudantes no futuro. Atender a demanda social e conciliá-la com as do meio ambiente vai exigir dos profissionais novas formas de construir e projetar. Para a estudante do 4º semestre de arquitetura e urbanismo da Unifor, Letícia Ibiapina, ter o contato com essas experiências contribuem para o desenvolvimento de novas técnicas na academia já que a bioarquitetura é um nova tendência.

”O homem destrói tanto a natureza em tantos aspectos e a construção participa desse processo. Então, a bioarquitetura é uma forma de integrar a construção não a destruição, mas a própria natureza. Isso é muito importante para melhorar a qualidade de vida e a manutenção dos ciclos do meio ambiente”, disse ao O POVO Online.

Entretanto, ela enxerga que a sustentabilidade ainda tem que enfrentar a lógica atual do mercado da construção civil. ”Como acadêmica, eu acho que a grande maioria dos escritórios de arquitetura visa ganhar o máximo possível e não se interessam pelo sustentável. Mas acredito que a tendência é que a sustentabilidade seja cada vez mais implementada”, concluiu.

 

Fonte: Obra 24 Horas, original O Povo.