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Custo da construção sobe 0,27% em setembro, diz IBGE

O custo nacional da construção, por metro quadrado, em setembro, foi de 1.057,99, sendo 539,52 relativos aos materiais utilizados e 518,47 provenientes do gasto com mão de obra.

O custo do metro quadrado (m²) na construção, registrado pelo Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), fechou o mês de setembro com alta de 0,27%, ficando 0,04 ponto percentual acima da taxa do mês anterior de 0,23%. Os dados foram divulgados hoje (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O indicador acumulado no ano foi de 2,98% e o acumulado nos últimos doze meses ficou em 4,25%, apenas 0,01 ponto percentual maior que os 4,24% registrados nos doze meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2016, o índice foi 0,26%.

O custo nacional da construção, por metro quadrado, em setembro, foi de 1.057,99, sendo 539,52 relativos aos materiais utilizados e 518,47 provenientes do gasto com mão de obra. Em agosto, o custo havia fechado em R$ 1.055,18. Segundo o IBGE, pesou na elevação o dissídio coletivo do setor da construção civil no Pará, o que aumentou as despesas com mão de obra no estado.

O Pará foi a região que teve a maior taxa de variação do país em setembro (1,47%), segundo o pesquisador do IBGE Augusto Oliveira. “Na variação de mão de obra observamos aumento significativo apenas no estado do Pará, onde tivemos dissídio coletivo. É um estado que tem pouco impacto no índice nacional. Como vínhamos registrando um maior número de dissídios nos outros meses, essa foi a taxa mais baixa dos últimos seis meses”, disse.

No índice nacional, teve maior impacto a variação do custo dos materiais, outro componente do Sinapi. O motivo foi o aumento de preços nos estados do Acre, Bahia, Distrito Federal, Ceará e Maranhão, que, em sua maioria, registraram alta nas despesas com o segmento relacionado ao cimento.

Com alta na parcela dos materiais em 4 estados, e com a variação captada na mão de obra no estado do Pará, consequência de reajuste salarial de acordo coletivo, a Região Norte apresentou a maior variação regional em setembro, 0,66%.

Este mês todos as regiões apresentaram taxas positivas, conforme a seguir: 0,39% (Nordeste), 0,10% (Sudeste), 0,19% (Sul) e 0,34% (Centro-Oeste).

Os custos regionais, por metro quadrado, foram para: R$ 1.059,63 (Norte); R$ 982,83 (Nordeste); R$ 1.104,79 (Sudeste); R$ 1.100,68 (Sul) e R$ 1.061,59 (Centro-Oeste).

Fonte: Agência Brasil

Bioarquitetura: a sustentabilidade na construção civil

Os impactos ambientais causados por grandes empreendimentos têm trazido inúmeras consequências para a sociedade e para o meio ambiente. Aglomerados de edifícios, degradação da vegetação local, poluição dos rios que cortam as cidades entre outros são problemas existentes nos centros urbanos. Isso demonstra o quanto a necessidade do homem não está de acordo com a do meio ambiente. É claro que não há como construir sem causar danos ambientais, mas há formas de executar projetos de maneira menos danosa ou sustentável. É o que mostrou o arquiteto e sócio do escritório de arquitetura Baixo Impacto e da empresa Adoberia, Márcio Holanda, em uma palestra nesta terça-feira, 20, na Universidade de Fortaleza (Unifor).

O cearense explicou aos futuros arquitetos a lógica da bioarquitetura, tendência mundial. Segundo ele, a proposta é relacionar as construções com os ciclos ambientais. E isso é possível? Márcio mostrou que sim. Na palestra, apresentou empreendimentos em que utilizou materiais sustentáveis, como o tijolo de terra crua (Adobe), e técnicas antigas de construção que trouxeram ótimos resultados. São prédios institucionais, casas de alto padrão, casas populares em que dispõem do mesmo conforto de construções com materiais tradicionais.

”A proposta é mesclar a autoconstrução e as construções tecnológicas. Qualquer padrão é possível com a bioarquitetura”, disse na palestra. E seus projetos são provas disso. Márcio demonstrou casas luxuosas encomendadas por seus clientes em Florianópolis, onde reside, e casas populares, construídas na ilha de São Tomé, na África. Apesar do estilo diferenciado, as duas possuem algo em comum: o adobe. O nome não é muito conhecido, mas trata-se de um tijolo de terra crua moldado em fôrmas de madeiras. A extração desse material é simples já que está disponível na superfície terrestre.

Os benefícios do adobe são diversos. O material regula a temperatura interior, absorve poluentes, é de baixo custo e a sua preparação e transporte consomem cerca de 3% da energia necessária para produzir e construir com o concreto armado ou tijolo cozido. Além disso, também há medidas simples como a implantação de jardins nos telhados de casas, que otimizam a temperatura do local. Márcio explicou ainda que a bioarquitetura se adequa à necessidade e as condições do empreendimento, o que requer um novo olhar para cada projeto. ”A solução deve estar compatível com o problema. Vai de acordo com a necessidade. Saber onde ”aplicar” a técnica e como aplicá-la”, comentou.

Novas tecnologias

O desenvolvimento de novas tecnologias sustentáveis, como o adobe, vai depender muito das primeiras experiências dos profissionais inseridos nessa tendência. É preciso criar técnicas e tecnologias confiáveis que proporcionem conforto similar aos das tradicionais. Até o momento, são poucos exemplos de edificações de grande porte que vem adotando essa tecnologia, mas para Márcio é só uma questão de tempo.

”As ações têm que ser crescentes. No nosso caso, a gente direcionou para um mercado mais horizontal, residencial e institucional. A gente começou com pequenas ações porque tem que ganhar o público. A própria sociedade deve tecer essa demanda, pois não existe um produto sem a demanda”, disse Márcio ao O POVO Online. Além disso, ele comentou que a postura da sociedade vai exigir o surgimento de novas tecnologias ou empreendimentos de baixo impacto.

Durante a entrevista ao O POVO Online, exemplificou pequenas ações e tecnologias acessíveis que podem tornar um empreendimento sustentável e que atendem um dos três critérios da bioarquitetura: conforto e energia, saneamento e paisagismo e materiais saudáveis. ”Um dos tripés da bioarquitetura, o saneamento e paisagismo, é um dos mais simples que a gente pode fazer. Nesse aspecto, o saneamento trata-se de soluções individualizadas. Tratar o próprio esgoto de forma biológica e reutilizá-lo nos jardins do próprio edifício, por exemplo. Isso é plenamente viável e já tem tecnologia disponível”, ressaltou.

Custo x Benefício

A questão dos custos com a adoção de técnicas sustentáveis partem de uma lógica de benefícios a médio e a longo prazo. Além disso, variam de empreendimento para empreendimento e as funcionalidades que exercem. ”Existem elementos que vão aumentar ou diminuir os custos e que possuem valores similares. Então, não dá para dizer que a construção ecológica é mais barata ou mais cara, pois existem custos de implementação e custos de manutenção daquela obra. Então, se você gasta menos com a implementação e gasta muito mais com a manutenção, o que é mais econômico?”, questionou.

O cearense também frisou da importância de mudar a ideia de custos quando se trata de bioarquitetura. Segundo ele, a nova técnica trabalha com a sustentabilidade, o que exige outra linha de pensamento. ”Nada que é sustentável é rápido demais. A própria natureza mostra isso. Uma semente para virar uma árvore, que é um processo sustentável, tem um prazo para acontecer. Não é do dia para o outro que vamos ter uma árvore. Então, se a gente pensa em construção sustentável temos que mudar um pouco a mentalidade sobre custos”, ressaltou.

Universidade

Márcio Holanda, representante da empresa Adoberia e do escritório de arquitetura Baixo Impacto, foi convidado pelos cursos de arquitetura da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade de Fortaleza (Unifor) para mostrar a ideia da bioarquitetura e como aplicá-la na construção civil. A primeira palestra ocorreu nesta terça-feira, 20, no auditório A3 na Unifor nos turnos Manhã e Tarde. Na noite desta quarta-feira, 21, o arquiteto se apresenta no auditório do curso de Arquitetura e Urbanismo UFC às 18h.

Na palestra, o cearense apresentou os desafios que serão enfrentados pelos estudantes no futuro. Atender a demanda social e conciliá-la com as do meio ambiente vai exigir dos profissionais novas formas de construir e projetar. Para a estudante do 4º semestre de arquitetura e urbanismo da Unifor, Letícia Ibiapina, ter o contato com essas experiências contribuem para o desenvolvimento de novas técnicas na academia já que a bioarquitetura é um nova tendência.

”O homem destrói tanto a natureza em tantos aspectos e a construção participa desse processo. Então, a bioarquitetura é uma forma de integrar a construção não a destruição, mas a própria natureza. Isso é muito importante para melhorar a qualidade de vida e a manutenção dos ciclos do meio ambiente”, disse ao O POVO Online.

Entretanto, ela enxerga que a sustentabilidade ainda tem que enfrentar a lógica atual do mercado da construção civil. ”Como acadêmica, eu acho que a grande maioria dos escritórios de arquitetura visa ganhar o máximo possível e não se interessam pelo sustentável. Mas acredito que a tendência é que a sustentabilidade seja cada vez mais implementada”, concluiu.

 

Fonte: Obra 24 Horas, original O Povo.