CMTU deve reduzir custos com recicláveis

Novo contrato com cooperativas prevê vigência estendida por três anos e aumento no número de domicílios

As sete cooperativas de coleta seletiva de Londrina trabalham, desde o último dia 5 de outubro, sob a regência de um novo contrato. Após negociações entre os trabalhadores do sistema e a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), o contrato trouxe algumas alterações sendo a vigência estendida por três anos a principal delas. Também houve o aumento do número de domicílios atendidos e do valor repassado por domicílio coletado, além de mudanças na forma de repasse do subsídio para o pagamento do aluguel dos barracões. Pelo novo modelo, a expectativa do município é que haja uma economia de pouco mais de R$ 1 milhão ao ano com o custeio do serviço de reciclagem.

Uma das principais reivindicações das cooperativas era poder trabalhar com prazos mais alargados, o que ficava impossível com a vigência de apenas um ano dos contratos anteriores. Segundo os recicladores, o período de 12 meses dificultava o planejamento a longo prazo em razão da insegurança a respeito da renovação do documento. “Foi uma grande vitória para nós, uma grande conquista. Sempre eram seis meses e mais aditivos, não tinha como planejar, como nos comprometermos. Agora vai melhorar”, disse o presidente da Cooper Região, Zaqueo Vieira.

O presidente da CMTU, Moacir Sgarioni, destacou como o item mais significativo a mudança no repasse dos valores dos alugueis dos barracões, que em 2016 custou R$ 1,326 milhão aos cofres públicos e havia ainda a questão da regularidade nos contratos de locação. Para reduzir despesas, o município decidiu incluir o valor dos alugueis no preço pago por domicílio coletado. Até setembro, as cooperativas recebiam R$ 1,39 por domicílio. A partir de agora, passam a receber R$ 1,86, sendo R$ 1,47 pela coleta do material e R$ 0,39 para arcar com os custos do aluguel.

Segundo Sgarioni, mesmo com a alta no valor do repasse e o aumento de 11 mil domicílios atendidos pelo sistema de coleta seletiva, que saltou para 230.095 imóveis, será possível uma redução no custeio do sistema, que deve baixar de R$ 7.119.100 pagos em 2016 para R$ 6.113.840 neste ano. “O contrato dos alugueis era o que mais nos incomodava aqui na CMTU. As negociações eram feitas diretamente pelas cooperativas e o compromisso da CMTU era repassar o dinheiro e tivemos até problemas documentais, que foram todos resolvidos. Com a mudança no modelo, as cooperativas terão liberdade para negociar os valores visando, obviamente, a redução dos custos tanto para a CMTU quanto para eles”, disse Sgarioni. O contrato também prevê o reajuste automático anual pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e manteve os R$ 143 de INSS por cooperado.

A Cooper Região, por exemplo, paga R$ 23 mil pelo aluguel de dois barracões e o presidente Zaqueo Vieira calcula que a mudança na forma de repasse desse valor pelo município irá aumentar a verba com locação do espaço. “Atendemos 84 mil domicílios. Se recebermos R$ 0,39 por domicílio, vamos acabar recebendo mais que os R$ 23 mil para o aluguel.” A cooperativa deverá receber R$ 32.760.

“Esse novo valor (R$ 1,86) não nos quebra, mas também não nos fortalece e a partir da negociação que tivemos com os três anos de contrato, estimulamos o reajuste automático. Com o tempo vamos executar o trabalho com excelência”, avaliou o presidente da Ecorecin, Francisco Caetano Bittencourt Gomes da Silva. A cooperativa tem 30 trabalhadores e é responsável pela coleta em 24.549 domicílios, a maioria na região central de Londrina.

CAMPANHAS

O prefeito Marcelo Belinati afirmou que com o aumento no número de domicílios atendidos, 100% dos imóveis passarão a contar em 2017 com a coleta seletiva. “Os que não são atendidos pelo sistema é porque são grandes geradores”, disse.

O presidente da CMTU defende, no entanto, a destinação de 1% do orçamento municipal em campanhas na mídia para estimular o engajamento da população em diversas causas, incluindo a coleta seletiva. “Hoje temos o problema dos catadores irregulares, que é uma tarefa dificílima para nós da CMTU fiscalizarmos porque aí entra a questão da Ação Social. Mas essa campanha deve ser feita porque precisamos combater a coleta irregular. Muitos catadores utilizam as áreas de fundo de vale e também tem a concorrência desleal. Teria que ser uma campanha junto com as outras secretarias.”

Foto: Anderson Coelho

Fonte: Folha de Londrina