Vinhos Ecologicamente Corretos

Num mundo onde a preocupação com a sustentabilidade está cada vez mais em voga, cresce também o número de vinícolas que se rendem a esta nobre prática. A Decanter sempre apoiou tal iniciativa e são mais de trinta produtores orgânicos, biodinâmicos e naturais em nosso catálogo.

Seguem alguns detalhes de cada prática e o que as diferem:


Vinhos Orgânicos

Produção orgânica é algo muito amplo que precisa incluir toda a propriedade. Toda ela precisa ser tratada como um organismo vivo e qualquer desvio que possa haver no conjunto de regras, afetará todos os outros. 

Pode se manusear o vinhedo organicamente, porém, se usar algum produto sintético para secar o matinho no quintal, por exemplo, ainda que não seja utilizado na vinha, descaracteriza a filosofia que orienta a pensar em todos os organismos existentes no solo, sejam plantas ou microorganismos.

Quanto aos insetos que possam prejudicar o parreiral, o intuito é espanta-los para que busquem o que necessitam em outros locais e plantas.

Para a prevenção de pragas, bactérias e doenças, utilizam meios alternativos de tratamento como água de cinza, enxofre, cal virgem, sulfato de zinco, de cobre e de potássio.

Também se fazem necessários alguns cuidados  naturalistas durante a elaboração do vinho. Muitos produtores que se dizem orgânicos mantém a filosofia apenas no vinhedo, neste caso deveriam mencionar no rótulo que o vinho é produzido com UVAS ORGÂNICAS. Mas esta é uma discussão técnica para os órgãos certificadores chegarem a um consenso, e, se a uva está livre de agrotóxicos já é uma grande vantagem. Não é mesmo?


Vinhos Biodinâmicos

A agricultura biodinâmica é adotada por muitas vinícolas em todo o mundo, inclusive as famosas Romanée Conti e Pingos, cujos vinhos chegam a custar milhares de reais.

Tal prática tem como base as teorias de Rudolf Steiner, filósofo austríaco falecido em 1925 cuja intenção era devolver à agricultura o papel social e cultural que perdeu durante o processo de industrialização de alimentos e a criação de animais em massa fora do seu ambiente natural.

Para ele, a agricultura é o fundamento de toda cultura humana, por isso, o ponto central da produção biodinâmica é o ser humano numa relação respeitosa com o universo, ou seja, tudo aquilo que o cerca: ar, água, terra, fogo, sol, lua…

Para esta filosofia, as plantas são para a terra como instrumentos de percepção do cosmo. Não se aduba o solo para nutrir a planta, mas para vivificar a terra, que transmitirá parte de sua virtude á planta que passará ao homem ou outro ser qualquer. Todo ser vivo para ser perfeitamente equilibrado precisa estar plenamente integrado ao ecossistema onde ele vive, sendo o mais natural possível.

A viticultura e a enologia são regimentadas pela astrologia, todas as etapas de produção, desde os cuidados com a vinha como a poda, adubação, até chegar à vinificação são feitos de acordo com as fazes da lua.

Na biodinâmica, a vinha deixa de ser uma monocultura e se torna uma vasta e complexa rede de microorganismos e animais trazendo equilíbrio ao meio. Na medida em que exclui o uso de pesticidas, naturalmente aumenta a incidência de pragas, porém, cada praga tem seus inimigos naturais que as devoram, é a cadeia alimentar, quanto mais pragas surgirem mais insetos inimigos também surgirão devido à alta oferta de alimentos. Quanto aos insetos, a grande maioria que existe são benéficas ao homem, por isso, quanto mais borboletas, joaninhas e vespas tiver, menos pulgões, gafanhotos e lagartas terá. A ideia é contribuir para o aumento da população dos insetos inofensivos à vinha para combaterem os que são prejudiciais.

A única semelhança entre o cultivo biodinânico e orgânico é a não utilização dos pesticidas e adubos sintéticos. A primeira, abrange outras esferas que vão muito além da exclusão de adubos sintéticos e venenos.


Vinhos Naturais

Os vinhos naturais são aqueles cujos produtores tem por conceito interferir o mínimo possível na elaboração. A transformação do mosto em vinho se dá sozinha, naturalmente, iniciada pelos açúcares naturais do mosto em contato com as leveduras selvagens presentes nas cascas da fruta. Maneira ancestral de produção, abrindo mão de quase todas (ou todas) as tecnologias disponíveis. Sai de cena as tecnológicas cubas de inox e entra recipientes simplórios como tanques de cimento ou ânforas de barro enterradas, onde o vinho fermenta. O cultivo do vinhedo é orgânico ou biodinâmico, proporcionando o aparecimento de leveduras naturalmente, tanto que, no mundo antigo, extraíam o fermento que precisavam para produção de pães e outros alimentos da espuma da superfície do vinho enquanto fermentava.

Estudos afirmam que algumas localidades ou vinhedos apresentam tipos de leveduras selvagens típicas, que só existem ali, dando caráter particular aos vinhos.

Uso de leveduras selecionadas, correções finais acrescentando ácido tartárico e taninos não acontecem, nem a adição de sulfitos durante a fermentação, pois, podem matar as leveduras indígenas, tirar algumas características naturais da bebida além de anular o terroir. Alguns produtores adicionam quantidades mínimas após a vinificação enquanto que outros abolem totalmente o uso do SO2 como conservante.

Durante a fermentação, não se controla a temperatura, os vinhos não passam por colagem e nem são filtrados para não perderem elementos de aroma e sabor.

A vinificação natural quando bem feita atinge níveis altíssimos de qualidade e tipicidade, é a mais alta expressão do terroir que existe, portanto, são vinhos que precisam ser compreendidos. Talvez isto explique as muitas polêmicas existentes sobre esta prática.

 

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Crédito fotos: Vitor Veiga

Textos sommelier: Sidney Lucas

 

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